terça-feira, 28 de maio de 2013

Quando na cama.

    As pessoas gritam dentro das caixas como se de sapatos se tratassem. Lá atrás vê-se uma fogueira que as aquece com brasas semelhantes a elas. Há também um carro. Não. Uma carrinha branca, bem grande, quem tem penduradas outras tantas em ganchos. Essas estão seguras pelo queixo mas não gritam; essas apenas gemem. Os cabelos escuros e longos, muito longos - tão longos que chegam ao chão mesmo com as suas raízes nas cabeças penduradas no alto, com os queixos em ganhos afiados - estão molhados no líquido vermelho do costume. Do costume não; é o mesmo mas é sempre diferente. Cada uma com o seu! Cada conjunto de pessoas cria uma mistura com cheiro e cor únicos. Há dias em que seca, ficando espesso e emanando um cheiro quase insuportável de tão despercebido que passa. Mas por enquanto lá vai caindo um pingo do sítio onde deviam estar as unhas.
     Um dia já terão comido o Sol. E eu apenas desvio os olhos.

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